sexta-feira, 28 de maio de 2010

Alguns Projetos de Archigram

Walking City


Walking City ou Cidade Andante é uma proposta de uma cidade nômade em que a infra-estrutura urbana não estaria vinculada a um local específico. Uma arquitetura sem fundações e sem raízes, constituída por grandes estruturas com pernas, que se deslocam em constante movimento. Uma cidade sem lugar fixo, adequada para viajantes e nômades.

Abandonando as fronteiras e os limites em favor de um estilo de vida nômade com edifícios itinerantes que viajam por terra e mar, possibilitando que culturas diferentes e informações sejam compartilhadas.



Batiment Public


Projeto para a construção de um parque de diversões público em Monte Carlo, Mónaco, foi o projeto vencedor do concurso lançado pelo principado de Mônaco em maio de 1969. O que fundamentalmente destacava a proposta do Archigram era a decisão de enterrar o edifício, construindo em subsolo todas as partes definitivas deste equipamento e deixando livre o terreno para que um parque público pudesse ser oferecido à comunidade.

A parte subterrânea seria tecnológica. O concurso previa que o epreendimento deveria ter um caráter multifuncional, com um edifício que pudesse ser utilizado para praticamente qualquer atividade, como realização de espetáculos artísticos, shows, circos, exposições, festas e recepções, eventos esportivos. A questão foi resolvida repartindo os serviços e facilidades em um conjunto de elementos pré-fabricados móveis.

“O que Archigram propunha era um “edifício-instrumento”, um esquema que partia da idéia da “caixa de ferramentas” escondida sob o parque, que poderia ser manipulada de múltiplas maneiras para transformar-se em “praticamente qualquer coisa” (Archigram, 1972). A cota mínima edificada deveria coincidir com o nível do mar, e o edifício se desenvolveria basicamente em pavimento único.” (http://www.arquiteturarevista.unisinos.br/pdf/ART01_Cabral.pdf)

Sobre o grupo Archigram

“O Archigram surgiu a partir de alguns estudantes de arquitetura e urbanismo recém graduados que se reuniram para publicar uma revista ilustrada de caráter contestatório e provocativo, também denominada Archigram. Um nome que vem da junção entre as palavras architecture e telegram. A idéia era lançar uma publicação que fosse mais simples e mais ágil que uma revista comum e que tivesse a instantaneidade de um telegrama. Esta publicação mesclava projetos e comentários sobre arquitetura com imagens gráficas, cuja referência vinha do universo pop da TV, do rádio e das histórias em quadrinhos, como os space-comics, por exemplo. A linguagem utilizada na programação visual da revista era a da bricolage, através da justaposição de desenhos técnicos, artísticos, fotografias, fotomontagens e textos. Com esta publicação eles instauraram uma crítica irônica e radical às convenções e aos procedimentos estabilizados. Os questionamentos levantados em seus artigos eram uma reação contra a obviedade e a monotonia no processo de representação e de criação arquitetônica.

Segundo Dominique Rouillard, o Archigram foi talvez o primeiro grupo de arquitetos a se lançar no mercado como um produto da mídia. A arquitetura do grupo Archigram era pensada como um fenômeno de comunicação e representada através de diversos recursos comunicacionais. As idéias, propostas e objetos arquitetônicos criados pelos seus membros foram difundidos de maneira estratégica. Além da revista, eles propagaram o resultado de suas criações em exposições, através de happenings, instalações e outros meios que hoje são comuns, mas que na época era o que havia de mais novo no universo das artes e das comunicações. Eles souberam como nenhum outro profissional da época traduzir seus projetos e idéias em linguagem contemporânea (2).” (http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/04.048/585)


Site Archigram: http://archigram.westminster.ac.uk/

quarta-feira, 26 de maio de 2010

Uso de Ruas

As ruas das cidades vêm se transformando em grande avenidas onde os carros passam em alta velocidade e os pedestres (também) correndo passam com medo. A imaginária dependência de automóveis que toma conta das cidades revelam a necessidade atual da criação e promoção de novos modelos, que sejam menos dependentes de carros e que permitam, além da livre escolha para o meio de transporte que se vai utilizar, uma maior valorização do espaço urbano por parte das pessoas.
Alguns projetos vêm tentando pensar a Rua não apenas como locais de passagem, onde os carros são os protagonistas, mas talvez um pouco mais como ambientes de convivência, agradáveis e realmente parte de suas vidas.

Alguns alegram as ruas de forma simples, detalhes que fazem a diferença para o ambiente interferindo nos espaços públicos através de manifestações artísticas:

• Projeto Piano de Rua - Play Me, I’m Yours (Toque-me, Sou teu): Implanta pianos pela cidade, os quais podem ser manipulados por qualquer pessoa.

http://www.pianosderua.com.br/

• Exposições nas ruas: grande interação com o público e fácil acesso.

Exposição “caxinas” na Vila do Conde, Portugal, em 2009


http://margaridaribeiro.wordpress.com/2009/04/03/caxinas-em-vc/

Exposição permanente na rua, na pequena cidade de Mulhouse, Alsácia, França.

Outros projetos são mais ousados, como o Vaga Viva, que ocupa a vaga para estacionamento de um carro transformando-a em um espaço público voltado para a convivência, o lazer e áreas verdes, provocando uma reflexão sobre a ocupação do espaço urbano da cidade, que cada vez mais privilegia os automóveis, roubando as áreas urbanas para transformá-las em vias, viadutos, estacionamentos e etc.


Mais imagens do projeto:
http://www.transporteativo.org.br/site/IMG/VagaViva2007/index.html

A cidade de Vauban, na Alemanha, é exemplo de como é possível ter ruas sem carros. Nas ruas de Vauban só transitam pedestres e algumas bicicletas, ter automóveis é permitido, mas não há lugares para estacionamento. “As ruas de Vauban são completamente "livres de carros" - com exceção da via principal, onde o bonde para o centro de Freiburg passa, e algumas ruas nos limites da comunidade. É permitido possuir carros, mas há apenas dois lugares para estacionar - amplas garagens nos limites do complexo, onde um dono de carro compra uma vaga, por US$ 40 mil, além da casa.” (http://ecochannel.blogspot.com/2009/05/oradores-de-cidade-alema-sonham-com.html).

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Revista Manuelzão

Edições de números 12 e 51


A Edição n°12 da Revista Manuelzão é do mês de Julho de 2000, um pouco antiga mas com temas ainda atuais.

Um dos assuntos tratados foi o hábito que algumas pessoas têm de jogar animais mortos nos rios o que prejudica o meio ambiente e a população, à medida que suas carcaças atraem bactérias decompositoras, as quais consomem o oxigênio da água prejudicando os peixes e outros animais aquáticos. As carcaças também podem transmitir, através da água, doenças aos que moram próximo ao rio. Flávia Fontes e Sílvia Araújo apontam na reportagem, o destino certo para esses animais, que devem ser incinerados ou enterrados em covas fundas, sendo que a maioria das prefeituras conta com um serviço de recolhimento dessas carcaças, uma outra alternativa. Em reportagem as estudantes de Comunicação (na época) tratam sobre um Fórum de Educação Ambiental em Ribeirão das Neves que destacou diversos problemas ambientais da região do Ribeirão da Mata, além de discutirem diversas propostas para a conscientização ambiental nas escolas e comunidades. Foi também uma boa oportunidade para divulgação do projeto Manuelzão. Alguns dos problemas ambientais da região de Ribeirão da Mata apresentados na edição, que são comuns a várias áreas:

  • “Assoreamento da bacia devido à exploração de areia nos afluentes do Ribeirão da Mata.
  • Destruição da paisagem natural por causa das fábricas de cimento e cal.
  • Grande concentração de focos de erosão (as áreas mais afetadas são as sub-bacias dos Ribeirões das Areias, na cidade de Rib. das Neves, e do Palmital, em Esmeraldas).
  • Poluição dos cursos d’água por esgotos domésticos e industriais não tratados (apenas 20% dos 10 municípios contam com equipamentos para tratamento de esgoto).
  • Poluição atmosférica ocasionada por ineficiência ou inexistência de filtros, queima de pneus e tráfego de veículos.”


Em “Buenópolis e Manuelzão: um novo encontro”, Marina Torres fala sobre Buenópolis e como no município ainda é possível perceber os rios de águas claras, “onde lavadeiras fazem seu trabalho e crianças brincam despreocupadas”. Ela destaca o interesse que a população local tem pelos assuntos ambientais, demonstrado pela sua grande participação no Seminário que ocorreu no município. A população enfrenta alguns problemas sérios como a falta de tratamento de água e as precárias condições do sistema de distribuição, mas traça um Plano de Ação para ajudar onde pode, como na conscientização da população através de palestras e reuniões, implantação de sistemas de coleta seletiva de lixo, projetos de reciclagem oferecendo à população oficinas e cursos de reciclagem, ações na mata ciliar, replantando espécies nativas, programas de adoção de rios para recuperação e preservação e outros. Outro que também possui alto grau de conscientização por parte dos moradores é o município de Cuiabá que, como mostra Carlos Eduardo, consegue evitar grandes danos ambientais com práticas de reutilização de embalagens descartáveis e reaproveitamento de material orgânico como adubo em plantações, mesmo sem contarem com um serviço de coleta seletiva. Campanhas promovidas pela prefeitura e por organizações não-governamentais ajudam na conscientização através de peças teatrais e gincanas com provas e brincadeiras que abordam as questões ambientais de maneira criativa e divertida.


Em um conjunto de reportagens sobre o lixo é apresentado a importância da integração no tratamento do lixo, que não pode ser atribuído somente a um governo ou instituição e sim contar com a colaboração da sociedade, que precisa assumir sua responsabilidade e uma mudança na postura relativa ao destino dos resíduos produzidos. E é nesse sentido que atua o Fórum Nacional Lixo e Cidadania (FNLC), com o desenvolvimento de projetos relativos ao controle e conscientização a respeito do destino do lixo. Outro assunto é o seminário que aconteceu em Itabirito, com objetivo de mobilizar instituições públicas, privadas e população para a questão ambiental da região, através da apresentação de várias alternativas que estão sendo buscadas para a questão do lixo. Fala também da Casa Aristides, em Nova Lima, que trabalha com o problemas da geração do lixo. Oferece oficinas na área artística como criação, desenho, pintura, teatro e música, e integra essas áreas com trabalhos em oficinas de reciclagem, o que resulta em porta-retratos, cadernos, bolsas, roupas e outros. A Casa Aristides atua na conscientização de que é possível aproveitar tudo o que é produzido e abre portas para um futuro profissional através do artesanato.


Na coluna “consCiência” é apresentado um projeto de pesquisa que procura avaliar e monitorar o Rio das Velhas, que surgiu como Projeto Manuelzão e pretende apontar a situação da qualidade de vida, de saúde e da água na bacia, para que possam ser apresentadas propostas de intervenção para revitalização da bacia. O objetivo é compreender melhor os problemas ambientais enfrentados e sua relação com a saúde e qualidade de vida dos moradores. Diversas áreas trabalhariam na compreensão das questões para que resultados positivos como a utilização da água como fonte para irrigação ou para espaço de lazer, hidrovia, turismo e melhor qualidade de vida, sejam atingidos.

A revista conta também com várias outras reportagens, com assuntos interessantes. Vale a pena conferir.


A Edição n°51 da Revista Manuelzão é de maio de 2009, e trás uma discursão sobre um decreto assinado pelo presidente Lula, em novembro de 2008, que define critérios de relevância para a classificação de cavidades naturais, onde apenas as de importância máxima não poderão ser destruídas. O decreto favorece a ação de hidrelétricas, que têm interesse nessas áreas para a construção de barragens, e mineradoras, que fazem a extração de minérios nas cavidades. Antes do projeto todas as grutas e cavernas eram protegidas por lei, o que dificulta o empreendimento desses setores. Essa classificação é polêmica, a medida que cada cavidade tem seus atributos e não há como privilegiar apenas um aspecto. Com o novo decreto, estima-se que cerca de 70%, das 4684 cavidades naturais registradas, poderão ser destruídas. Sem contar aquelas que poderão ser destruídas sem que nunca tenham sido registradas e que poderiam ter sido grande potencial de pesquisa.


Em reportagens sobre os peixes, Humberto Santos e Stéphanie Bollmann começam abordando a mortandade de peixes no trecho o São Francisco no município de Três Marias. Eles explicam que na edição 38 da revista, hà três anos, foi tratado o tema, mas que não existiam dados e pesquisas que confirmassem qual era a causa da morte dos peixes, que continuam morrendo e ainda não existe um consenso quanto às causas. A questão é saber se as águas estão contaminadas, como afirma uma pesquisa realizada pela Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), ou não estão contaminadas, como diz Votorantim Metais, a metalúrgica localizada às margens do rio afirma que nem o rio e nem os peixes estão contaminados por metais pesados. Também não se pode afirmar que essa seja a causa da morte dos peixes. Destacam que todo o esgoto de Três Marias é lançado sem tratamento no córrego Barreiro Grande, que deságua no São Francisco, e também que culturas como a batata e o eucalipto próximos a represa, utilizam agrotóxicos que, com as chuvas, são carreados para o São Francisco. Jessica Soares trata da pesca predatória - aquela que retira do ambiente mais do que ele consegue repor - praticada no Rio das Velhas. A prática pode prejudicar o retorno dos peixes que só foi possível através da instalação de estações de tratamento de esgoto (ETE), o que reduziu o lançamento de matéria orgânica na água. A pesca profissional, destinada a fins comerciais, é proibida desde 1997, mas é prática comum mesmo com a ação da fiscalização, que está coibindo o crime, mas não defendendo a natureza. O que existe é a necessidade de mobilização e instrução dos pescadores, uma educação ambiental envolvendo ribeirinhos e pescadores, pois são eles que vão ajudar a manter o rio.


Na reportagem “Sem tempo, sem espaço”, Pâmilla Vilas Boas fala sobre a proposta do Projeto Manuelzão para chamar a população para formar uma rede de cultura na bacia do Rio das Velhas. A idéia é garantir que a cultura esteja presente não apenas no momento dos festivais como o Festivelhas, mas possam ter continuidade mesmo sem o projeto. E que com o apoio da comunicação, consigam alcançar uma integração entre os artistas e quem sabe uma maior valorização da cultura, como pretendem os artistas que enfrentam muitos problemas com a falta de políticas públicas voltadas para a cultura.


Em reportagem sobre algumas partes do projeto de transposição do São Francisco, é abordado algumas de suas consequencias e como elas afetam a população. Com um projeto de 'revitalização' para o Velho Chico, serão construídas tres barragens, além de uma a ser construida na calha do baixo Rio das Velhas. A principal justificativa para as obras é a de tornar constante o volume de água o ano inteiro, melhorando a navegação e também aumentando as áreas para irrigacão as margens do Velho Chico. Mas os impactos ambientais dessas barragens para a bacia são grandes à medida que as especies aquáticas tem sua vida regulada pelos processos de cheia e vazante, que tendem a acabar com as barragens. Outro problema seria o caso dos peixes não suportarem as alterações químicas e a proliferação de cianobactérias, causada pela pequena velocidade das suas águas, baixo nível de oxigenio e alto nível de nutrientes despejado pelo esgoto. Além disso o projeto da barragem do Velhas preve que um importante espaço fique debaixo d`água, o que afetaria imensamente os moradores do pequeno distrito de Senhora da Gloria, em Santo Hipolito.


Em 'Imaginários em Expedicao' Pamilla Villas Boas fala da importancia não somente das expedições mas também das miniexpedições organizadas para um melhor conhecimento do ambiente tratado e para que a comunidade que vive na bacia do Velhas possa expressar seus desejos, afições e expectivas para a melhoria do rio e de suas vidas. Desperta também a idéia de pertencimento da bacia, através da oportunidade de ouvir o que cada comunidade tem para expressar. Deixando claro para os moradores os vários significados que a revitalização pode representar, a possibilidade de ter o peixe de volta ao rio, ou recuperando as áreas degradadas ou o turismo ecológico, as expedições conscientizam as pessoas da importancia da região em que vivem e estimulam a participação da comunidade nas ações. As miniexpedições possuem temas livres e tempo duração também.